Férias nos Galegos, Marvão (e Castelo de Vide)



Com isto do Covid19 e das quarentenas, confinamentos, desconfinamentos, pandemias e o diabo a quatro decidímos este ano tirar uma semana de férias mais isolados do resto dos veraneantes. Bem dito bem feito, há um par de meses reservámos uma estadia através da internet num alojamento local denominado de Casa dos Galegos, na aldeia dos Galegos, ali a poucas léguas do castelo cimeiro de Marvão.

A casa havia sido recuperada e transformada pelo atual proprietário Daniel, segundo nos disse o próprio, e servia muito bem os nossos propósitos. Era casa de família, dos avós, e assim ficou com nova função, sendo um conjunto de 3 casas, a do dono ao centro, e as duas das pontas para alojamento local.

Cada casa tem a sua própria piscina e deck, com guarda-sol e espreguiçadeiras, o seu espaço exterior, a sua churrasqueira, as suas mesas... quase nem víamos os outros hóspedes e mesmo o proprietário mal demos por ele nesta semana que por lá nos deleitámos a descansar.

Algumas fotos do espaço exterior da casa...








Muito tempo passei naquela mesa a ler entre os "mergulhos" na piscina...

Esperava-se uma semana de muito calor, mais a mais no interior alentejano, pelo que decidi um dos primeiros dias da semana levantar pela fresca, enquanto as babes dormiam, e fazer um dos trilhos e percursos assinalados e disponíveis para conhecer a zona sem andar por lá demasiado perdido... calhou ter sido o dia das megas trovoadas, ouvi ou li algures que nessa noite, madrugada e manhã cairam centenas de relâmpagos a rasgar os céus!

Na aldeia dos Galegos há dois percursos (definidos, pois podemos inventar mais!), mas acabei por fazer apenas o mais pequeno e que ainda assim tem algum grau de dificuldade: PR4 MRV - PERCURSO DO CONTRABANDO DO CAFÉ
https://www.portuguesetrails.com/pt-pt/routes/alentejo-feel-nature/pr4-mrv-percurso-do-contrabando-do-cafe

Para uma próxima hei de ir fazer este: PR2 MRV - PERCURSO PEDESTRE DE GALEGOS
https://www.portuguesetrails.com/pt-pt/routes/alentejo-feel-nature/pr2-mrv-percurso-pedestre-de-galegos

Apanhei uma mega chuvada a meio do percurso, a sorte foi ter ficado debaixo de um grande sobreiro e ter comprado um novo chapeú de abas largas de hicking e essas cenas modernas, que me protegeu bastante :)

Algumas fotos deste percurso nessa manhã de trovoada...

















Levámos a mini-me a visitar Marvão e Castelo de Vide, os respetivos castelos e neste último o museu sobre a cultura judaica que caracteriza a urbe, assim como as ruas e ruelas típicas destas vilas...

Assim que nos aproximámos da estátua soltei um: "Olha, mais um fálico do Cutileiro..." - e não é que era mesmo! Afinal o artista tem um estilo que se reconhece e como tal a sua arte atinge outro patamar...
Está esta homenagem à entrada do Castelo de Marvão a servir de guarda a quem por ali passa e entra na milenar construção no topo daquela escarpa.


«Abd al-Rahman ibn Muhammad ibn Marwan ibn Yunus, conhecido como Ibn Marwan al-Yil'liqui ("o filho do galego" ou "o galego") ou simplesmente ibne Maruane, ibn Maruan, ibn Marwan ou ainda Bem Marvão, ou al Maridi por ser originário de Mérida (m. 890?) foi um líder militar e religioso sufista do Alandalus que, rebelando-se contra o emir omíada de Córdova Maomé I, criou uma espécie de reino independente sediado em Badajoz, cidade da qual é considerado fundador, que ocupava o Médio e Baixo Guadiana e o sul do que é hoje Portugal.

É provável que ibn Marwan tenha residido durante algum tempo no que atualmente se designa castelo de Marvão, uma fortaleza no cimo duma alta escarpa, praticamente inexpugnável, situado no norte dos seus territórios.»


in https://pt.wikipedia.org/wiki/Ibn_Marwan


Lá do alto do castelo de Marvão vimos mais de uma mão cheia de grifos e outros abutres a pairar nos céus, aproveitanto as correntes de ar para navegarem sem esforço abrindo apenas as suas magestosas asas ao vento... mas ali bem perto, quase ao nosso alcance que se viam os olhos esbugalhados na sua fronte.



Num dos outros dias formos fazer uma atividade com a empresa Marvão Adventures do Afonso. Fomos à Barragem da Apartadura, onde fizémos canoagem e "paddle sup" com a companhia e experiência do Afonso que conhece a zona como a palma da mão...
Infelizmente não tenho nem fotos nem vídeos desses momentos, ficarão apenas e só gravámos na nossa memória cerebral. Mas foi uma tarde excelente e muito bem passada... a água da barragem contra todas as expectativas era quentinha e mui agradável.

Quase não fomos comer fora, e as que fomos não vale a pena referenciar que não foram nada de inolvidável... com isto da pandemia fizémos muitas refeições na casa, aproveitanto o espaço exterior e as noites quentes de verão.

Uma desilusão foi o pão que consumimos esta semana, quer o que comprámos quer o dos restaurantes que fomos...
Onde está o pão alentejano? Que é feito do pão bom do alentejo?
O pão menos mau que comemos foi o Daniel que nos trouxe de uma padaria de Porto de Espada, de onde também nos trouxe as tradicionais "boleimas" que isso sim valeu bem a pena conhecer, provar e degustar.

Até eu em casa faço melhor pão... ver os videos para aprender aqui.




O Daniel, dono da Casa dos Galegos, disse que tinha 14 gatos, mas eu só contei 10, os outros 4 deviam andar a vadiar por outros locais. A filha adorou a doçura dos gatos e eu tinha um em particular que me acompanhava de manhã cedo logo a pedir festas e à noite até se vinha deitar ao colo a ronronar e a pedir mais carinhos e atenção. Não demos de comer aos bichos a pedido do dono, e verdade é que nenhum miou a pedir comida... só queriam mesmo festas e atenção. 
"Feliz é quem tem gatos!"

À noite desligávamos as luzes e acendíamos as estrelas!




Os badalos das ovelhas que pastavam amainavam com o lusco-fusco e uma ou outra balia quando se sentia longe do rebanho que se agrupava para a noite. 
Os gatos agora pareciam todos iguais, sombras que se mexiam, todos pardos na escuridão. 
Ao longe o latir de um cão, que mal se ouvira antes. 
As andorinhas e os andorinhões que ao final da tarde passavam em voos razantes a bicar a água da piscina para saciar a sede já se deviam ter recolhido, assim como as rolas que cantavam aos despique durante o dia todo. 
Os grifos que se viam no alto dos ceús durante várias partes do dia também de certo estariam aninhados algures. 
A sinfonia agora era feita pelos outros bichos da noite, cigarras e grilos, com a precisão de um relógio suíço, assim que a noite se adensa aumentam a atividade e geram uma cacofonia inebriante. 
Não há silêncios no campo, há outros sons que nos contagiam...

A inveja é coisa feia, mas tenho inveja desta malta jovem dos Galegos...

Marvão Adventures: https://marvaoadventure.com/

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